segunda-feira, 4 de maio de 2015

MOBILIZAÇÃO COMO ARMA DE LUTA POR MELHORIAS NA EDUCAÇAO



É vergonhoso o descaso com que os professores são tratados pelos governos, que nunca elegeram a educação como prioridade neste país. Mobilizações em prol de melhorias na educação ou mesmo na luta contra corte de direitos já conquistados a duras penas, mostram como esses políticos tratam as questões educacionais, muitas vezes como um caso de polícia, a exemplo do que acontece com outros movimentos sociais no Brasil.

Atualmente uma nova greve foi deflagrada pelos professores estaduais cearenses, numa crise econômica em que mais uma vez os trabalhadores são penalizados. Este fato nos remete a recordar da greve deflagrada em 2011 pelos professores do nosso Estado, quando o então governador Cid Gomes, futuro breve ministro da educação, com seu conhecido estilo arrogante a autoritário, quis empurrar goela abaixo uma tabela vencimental com a intenção de alterar para destruir o plano de cargos e carreira dos professores, transformando aumentos reais nos salários em miseráveis gratificações. Na época, a grande maioria dos deputados votaram como sempre contra a educação (sabem que manter uma população analfabeta e alienada é mais fácil para manter tudo como está) e a favor do projeto que chegou a ser enviado para a Assembleia Legislativa.  Em meio ao embate entre sindicato e governo, Cid chegou ao disparate de afirmar que professor não devia trabalhar por salário, mas por “amor” à profissão. Sabemos que, ele sim, jamais abriria mão de seu salário e privilégios para governar por amor ao povo cearense. Vale lembrar que o mesmo Cid já havia entrado com ação de inconstitucionalidade contra o piso salarial do magistério.

No final, nossos direitos foram mantidos e outros conquistados. Todos acabaram ganhando inclusive com aumento de gratificação para diretores e coordenadores escolares, muitos dos quais tentaram impedir a atuação do movimento grevista, através de retaliações e ameaças a professores que aderissem à greve.  

 


Policial ameaça agredir professor da rede pública estadual do Ceará em 2011. Na ocasião, os professores tentavam realizar um ato público de protesto contra o governo que respondeu violentamente contra os manifestantes que reivindicavam melhores salários e condições de trabalho, assim como o respeito aos direitos já conquistados pela categoria.

Foi este mesmo Cid, que enfrentou longas greves não apenas na educação básica, mas como também no meio universitário, que Dilma escolheria como futuro ministro da educação, que, mesmo com seu efêmero mandato, fez a mesma pagar o preço por sua  péssima escolha. Logo no início de seu ministério, e com a benção de Dilma Rousseff reeleita, a educação sofreu um corte de 7 bilhões de reais. O reflexo do corte vem sendo sentido pela maioria das escolas do Ceará (menos as profissionalizantes e seus privilégios) através da falta desde merenda para os alunos, que parecem bem conformados com a situação, até papel higiênico. Pincel virou artigo de luxo nas escolas estaduais. 


Não podemos deixar de destacar que além dos piores salários entre os profissionais de nível superior se comparados aos de outras categorias, as condições de trabalho do professor na escola pública (turmas lotadas, sobrecarga de trabalho, violência, excesso de burocracia, entre outras) interfere diretamente no desempenho do professor,   visto que não é possível analisar a atuação deste docente sem levar em conta as suas precárias condições de trabalho, que extrapola a própria sala de aula, pois cabe também a este profissional ler e pesquisar para melhorar cada vez mais a qualidade de suas aulas, o que resulta, por consequência, na melhoria da formação das gerações que passam pela escola.  

Sabemos que a precarização do trabalho docente é intencional, assim como o sucateamento da educação pública, bem como a injeção cada maior de recursos públicos em universidades privadas, através de programas paliativos como FIES e PROUNI, que jamais resolverão o problema da democratização do acesso às Universidades públicas como as Instituições federais, ainda bastante elitizada.

Os movimentos sociais são ações coletivas com o objetivo de manter ou mudar uma situação. Seu caráter político parte de uma situação de confronto e disputa entre forças sociais que lutam para defender seus interesses. 

Diante disto, sabemos que seja para garantir o que já temos, bem como para conquistar novos direitos, as únicas armas que temos é o conhecimento e a mobilização, visto que benefícios para os trabalhadores da educação, nunca veio ou virá de graça ou da boa vontade dos políticos desse país.

União e mais solidariedade para todos os professores, efetivos e temporários, para melhorar a qualidade da educação em salários e condições de trabalho, pois estamos cientes de que reivindicações como a nacionalização da carreira, aplicação dos royalties do pré-sal e os 10% do PIB para a educação, ainda será fruto de uma incansável luta a ser travada por profissionais da educação em todo o país.

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SOBRE A AUTORA: ANA CARMEM AGUIAR RODRIGUES (LICENCIADA EM CIÊNCIAS SOCIAIS, ESPECIALISTA EM ENSINO DE HISTÓRIA DO CEARÁ E ACADÊMICA DO CURSO DE DIREITO PELA UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ – UVA. PROFESSORA SUPERVISORA DO PIBIB -SOCIOLOGIA NA ESCOLA DE EEFM MINISTRO JARBAS PASSARINHO EM SOBRAL-CE.) TEMOS COMO OBJETIVO CRIAR UM ESPAÇO VIRTUAL QUE POSSA SER SER COMPARTILHADO POR PROFESSORES, ALUNOS E LICENCIANDOS DE SOCIOLOGIA, PARTIR DA DIVULGAÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO E O DESENVOLVIMENTO DE PESQUISAS, METODOLOGIAS E EXPERIÊNCIAS VOLTADAS PARA A INTERVENÇÃO, MELHORIA E DEFESA DO ENSINO DE SOCIOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA.