TEXTOS DIDÁTICOS PARA AS PROVAS GLOBAIS 4 PERÍODO - 2013
EEFM MINISTRO JARBAS PASSARINHO
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
EEFM MINISTRO JARBAS PASSARINHO
EEFM MINISTRO
JARBAS PASSARINHO
DISCIPLINA:SOCIOLOGIA
PROF.: ANA CARMEM A
RODRIGUES
SÉRIE: 2º ANO
TEXTO DIÁTICO:
A CONSTRUÇÃO SOCIAL DO RACISMO E O NEGRO NA SOCIEDADE BRASILEIRA
Analisando
sociologicamente a questão da desigualdade racial no Brasil, levando em conta os
fatores que contribuíram para a construção social do racismo e a
exclusão do negro na sociedade brasileira, podemos argumentar que com a
introdução do trabalho escravo no Brasil colonial, milhares de africanos foram
retirados de sua terra de origem para enfrentar péssimas condições de trabalho
e de vida no Brasil. Tais condições ajudam a explicar a situação de exclusão
vivenciada pela população negra no Brasil hoje.
Diante disto, a
Sociologia busca compreender como as desigualdades entre brancos e negros se
manifestam nas precárias condições de habitação, educação e de trabalho
enfrentadas pela população negra, mesmo após a abolição da escravidão; bem como
o desenvolvimento de teorias racistas contribuíram para a marginalização do
negro e seus descendentes, à medida que consideravam que o atraso da sociedade
brasileira se dava em decorrência da escravidão e da mestiçagem.
Apesar da maior parte
da população brasileira ser negra, esta não tem as mesmas oportunidades que a
branca. No Brasil, são muitos os casos de discriminação contra negros e negras.
Ideias e práticas racistas contribuíram para a exclusão dos afrodescendentes.
Ideias e práticas racistas acabam gerando forte repercussão nas relações
sociais, já que o racismo pode ser pensado como um conjunto de ações e opiniões,
onde existe a convicção de que alguns indivíduos através de suas
características físicas e manifestações culturais apresentam diferenças que
lhes definem como inferiores a outros. Uma das mais odiosas e desumanas formas
de impor o isolamento a um grupo de pessoas é a discriminação racial. Situação
assim ocorreu na África do Sul a partir de 1948, quando o apartheid
manteve o povo africano segregado (separado, isolado) sob o domínio de uma
minoria européia. Essa lei permaneceu até 1991.
Embora existam
diversos esforços contra a prática do racismo, este ainda é comum atualmente.
Exemplo disso, é como o racismo se espalhou pelo mundo virtual. São milhares de
sites, blogs e comunidades virtuais, produzindo diferentes discursos de ódio
racial contra negros, judeus, nordestinos etc. A mistura de raças no Brasil não
contribuiu para acabar com o racismo, considerado uma prática criminosa pela
legislação brasileira.
O termo raça
desenvolvido no século XIX, sendo um termo criado para estabelecer uma divisão
dos seres humanos em raças baseada principalmente nas características físicas
ou genéticas, como a cor da pele, tipo de cabelo, constituição física etc. O
conceito de raça historicamente foi utilizado para justificar a dominação de um
povo sobre outro com base nessas diferenças. A classificação dos seres humanos
em raças contribuiu para a formulação de teorias racistas que excluíram não
apenas os negros, mas como judeus e outros povos.
Muitos estudos na área
da Antropologia e da Biologia na atualidade questionam a classificação da
humanidade em “raças”. Pesquisas atuais defendem inclusive a teoria da origem
única da espécie humana, tendo sido África foi o berço da humanidade.
O NEGRO NO
CEARÁ
É muito frequente
ouvir-se no Ceará não tem negros porque a escravidão em nosso Estado foi pouco
expressiva. Contrariando esta afirmativa, vários fatores demonstram a
significativa presença do negro na sociedade cearense, a começar pelo processo
de ocupação das terras cearenses que também se efetivou a partir da
consolidação de um espaço de trabalho que atraiu um contingente de homens
livres, em sua maioria pobres, negros e pardos, vindos de províncias vizinhas,
na condição de vaqueiros, trabalhando como morador ou agregado junto às
fazendas de criar.
Trazidos da África,
especialmente da região congo-angolana, de cultura bantu, aos poucos, os
africanos foram-se incorporando ao processo de ocupação das terras e deixando
sua marca na construção da história da sociedade cearense. No início do século
XIX, a presença de afro-brasileiros já era significativa, onde negros e pardos
libertos somavam 60% da população total.
A raça negra sempre teve seu lugar na história do Ceará. A miscigenação com
forte predominância do negro é confirmada por dados populacionais levantados em
censos demográficos. Em cidades como Sobral, pretos e pardos, livres ou
escravos, somavam 72% da população no ano de 1804.
De acordo com o
antropólogo francês Roger Bastide, autor de livros e estudos sobre a população
negra no Brasil, a classificação racial em nosso país é de marca exterior
(fenótipo) e não de origem genética (genótipo) como nos Estados Unidos. Sendo
assim, o mestiço que aparenta ter características brancas poderá ser
considerado branco pela sociedade brasileira.
Bastide também buscou analisar em seus estudos sociológicos como a
discriminação racial repercute na ascensão social do negro e na aceitação de
sua negritude.
De acordo com o
autor, a cor age de duas maneiras: como estigma racial e como símbolo de um
status (condição) social inferior. Dessa forma, quanto mais o negro se aproxima
do branco, maiores as suas possibilidades de ascender socialmente (alcançar uma
melhor posição na sociedade). Quanto
mais evidente for os traços que caracterizem o indivíduo como negro, sobretudo
a cor da pele, menores serão as barreiras para sua aceitação e ascensão na
sociedade.
No Brasil, é comum as
pessoas terem dificuldade em aceitar-se como negras. A construção de uma imagem
do grupo ou uma autoimagem, fica comprometida com a associação do negro à
escravidão e preconceitos que visam desqualificá-lo, mostrando sua cultura e
história algo inferior.É um equívoco (engano, erro) afirmar que os negros são
racistas. Esta constatação deve ser analisada no quadro da “ideologia do
branqueamento”, que disseminou, no decorrer dos séculos, a superioridade da
raça branca.
UM PROBLEMA DE
ORDEM SOCIAL NÃO GENÉTICO
Manuel Bonfim
constitui numa voz discordante das doutrinas racistas que consideram a
mestiçagem como causa da “inferioridade” brasileira. Para ele, os problemas do
Brasil eram herdados da época colonial – a mentalidade de ficar rico depressa,
a exploração econômica que não visava desenvolver o país, mas enricar uma elite
que não se preocupou em constituir o Brasil como nação; juntamente com o arraigado conservadorismo
politico e a ausência de organização social figuraram entre os elementos que
explicariam o atraso brasileiro, ao contrario da colonização inglesa na América
do Norte, o caso brasileiro fora apenas predatório. Segundo a opinião do autor,
a real inferioridade da América Latina está no âmbito politico e educacional.
Lamenta a ignorância que vivia o negro, pois se tivesse recebido uma educação
apropriada seria capaz de grande progresso. O problema brasileiro não é a
diversidade racial, mas a falta de educação. Devemos lembrar que na época da
escravidão haviam leis que impediam os escravos de estudar, de frequentar os
bancos escolares. Todos esses fatores nos leva a compreender que o problema
brasileiro é de natureza sociológica (político-econômica) e não racial.
EEFM MINISTRO JARBAS PASSARINHO
DISCIPLINA:SOCIOLOGIA
PROF.: ANA CARMEM A.
RODRIGUES
SÉRIE: 3º ANO
TEXTO DIDÁTICO: UMA VISÃO SOCIOLÓGICA SOBRE O NEGRO NA SOCIEDADE
BRASILEIRA
O NEGRO NA FORMAÇÃO SOCIAL BRASILEIRA
Muitos concordam que quem descobriu a
África no Brasil, muito antes dos europeus foram os próprios africanos trazidos
da África. E esta descoberta não se restringia apenas ao reino linguístico,
estendia-se também a outras áreas culturais, inclusive à da religião. Há razões
para pensar que os africanos, quando misturados e transportados ao Brasil, não
demoraram em perceber entre si a existência de elos culturais mais profundos.
Ao favorecer o contato de indivíduos de diferentes partes da África, a experiência
da escravidão no Brasil tornou possível a formação de uma identidade cultural
afro-brasileira.
Percebendo a importante influência da
cultura africana na formação do nosso País, vários estudiosos buscaram analisar
a contribuição do negro para a construção da sociedade brasileira. Em sua
famosa obra “O Abolicionismo”, publicada em 1883, Joaquim Nabuco analisa o
sistema escravocrata, contestando teorias racistas que atribuíam o atraso do
país à mestiçagem e à passividade do povo de origem africana. Para o autor, o
negro não era inferior ao branco, mas um elemento de considerável importância
nacional, sendo parte integrante do povo brasileiro e o verdadeiro construtor
das riquezas do país. Nabuco afirmava que graças à raça negra, havia surgido um
povo no Brasil, mas que os latifundiários eram refratários do progresso, apenas
permitiam que os mestiços vivessem como agregados e seus dependentes na miséria
e na ignorância. Considerava a escravidão como responsável por grande parte dos
problemas enfrentados pela sociedade brasileira, defendendo, assim, que o
trabalho servil fosse suprimido de forma pacífica.
Já
para o sociólogo Gilberto Freyre a contribuição do negro imprimiu marcas
profundas em nossa cultura, no jeito de ser e no modo de vida dos brasileiros:
“Na ternura, todo brasileiro, mesmo o alvo, de cabelo louro, traz na alma,
quando não na alma e no corpo, a sombra, ou pelo menos a pinta, do indígena ou
do negro”, afirmou.
No Brasil, a
ideologia da superioridade racial do branco sobre o negro é uma das principais
marcas das preocupações iniciais das elites acerca da formação da “civilização
brasileira”. Esse pensamento sobre a formação do Brasil tinha como fundamento o
que ficou conhecido como “Teoria do Branqueamento”. Esta teoria, difundiu a ideia da mestiçagem
como responsável pelo atraso e a pobreza do povo brasileiro, contribuindo para aumentar
o preconceito contra os negros, e a consequente
marginalização das manifestações culturais africanas.
Os adeptos da
teoria do branqueamento acreditavam que, aos poucos a sociedade brasileira se
tornaria branca, devido a superioridade genética do europeu aqui residente. Como
neste país, a miscigenação foi profunda, a saída para um fracasso de uma
formação nacional satisfatória era dada pela superioridade biológica do branco
sobre negros e índios.
O NEGRO NA
VISÃO SOCIOLÓGICA DE FLORESTAN FERNANDES
A relação entre as
desigualdades sociais e a questão racial foi analisada por sociólogos como
Florestan Fernandes, que, em seu livro “A integração do negro na sociedade de
classes” (1978), procurou levantar questões que buscavam desmontar o mito da
democracia racial brasileira, colocando o tema raça no contexto das classes
sociais. Florestan queria saber como se deu o processo que colocou o negro “à
margem” na sociedade brasileira, desenvolvendo a ideia de que os negros sempre
foram agentes participantes das transformações sociais do país, ainda que de
maneira menos privilegiada que os brancos.
As ideias defendidas
por Florestan, foram importantes para a analisar a questão da integração do
negro na sociedade brasileira. De acordo com os estudos desenvolvidos pelo
sociólogo, as desigualdades brasileiras não atingem da mesma forma todas as
camadas populares da sociedade, o pertencimento racial, ou seja, ser negro
constitui uma barreira social que impede negro de alcançar melhores posições
sociais. Ainda segundo Florestan, a inexistência de um plano de incorporação do
negro, elaborado pela sociedade que o libertou, com estratégias de aceitação
social dos mesmos, foi fator importante que contribuiu para sua marginalização
social.
Os estudos
desenvolvidos pelo sociólogo nos ajuda a compreender a exclusão do negro na
sociedade brasileira hoje. Tal exclusão é evidenciada em estudos que mostram
que negros e pardos em nossa sociedade recebem salários menores, além de
possuírem uma menor escolaridade, e menores chances de inserção do mercado de
trabalho.
O ESTATUTO DA
IGUALDADE RACIAL E AS POLÍTICAS DE AÇÕES AFIRMATIVAS
Atualmente tem se
gerando um grande debate na sociedade acerca da questão da igualdade racial e
sobre a necessidade de se promover ações que visem diminuir as desigualdades
entre negros e brancos no Brasil.
Dentre as estratégias
que poderiam contribuir para reduzir as desigualdades e o preconceito racial,
destaca-se no âmbito educacional, o papel da escola em estimular a formação de
valores, hábitos e comportamentos que respeitem as diferenças e as
características próprias dos grupos e minorias. Outro passo importante é reconhecer a África
como um local de produção de conhecimento e cultura e o negro como construtor
da história, contribuindo para construir uma visão positiva da imagem que o mesmo
tem de si e de seus antepassados.
No âmbito político, a
criação do Estatuto da Igualdade Racial e de políticas de visem promover a
integração social no negro constituem um avanço importante, mas ainda
insuficientes para minimizar desigualdades sociais decorrentes dessa exclusão
social dos negros em nosso país. Recentemente aprovada, a lei 12.711\2012,
conhecida como a “lei das cotas”, determina que uma porcentagem das vagas de
cursos de universidades e institutos federais sejam reservadas para alunos de
escolas públicas, levando em conta critérios como perfil racial e nível de
renda. A criação da lei gerou muita polêmica e questionamentos sobre sua
eficácia em contribuir para diminuir as desigualdades sociais entre brancos e
negros no Brasil.
O NEGRO NO CEARÁ
A abolição da
escravidão no Ceará em 1884, quatro anos antes da abolição da escravatura no
Brasil, é considerada um marco importante para a história do Estado. No
entanto, sabemos que esse processo de libertação dos escravos em terras
cearenses está permeado por contradições que ajudam a explicar a difícil
situação dos negros hoje, devido a vários fatores que contribuíram para a sua marginalização
na sociedade cearense desde o pós abolição.
Segundo o historiador
Eurípides Funes, o processo abolicionista no Ceará, permite ao negro recuperar
a sua liberdade, mas vem acompanhado de uma série de medidas controladoras,
fechando-lhes todas as possibilidade de uma ascensão social e direitos à
cidadania. Tal situação se revela através dos mecanismos de controle da força
de trabalho liberta, posto que, mesmo libertos, muitos escravos eram mantidos
como agregados, moradores ou criados de seus “antigos” senhores. Ainda segundo
o autor, mesmo após a abolição, o negro
é colocado à margem da sociedade, reforçando o distanciamento social, político
e econômico entre a população negra e branca, agravado por um forte racismo
ainda presente na sociedade.
Conclui-se, portanto,
que mesmo estando na condição de livre, o negro permanece excluído na sociedade
que o libertou. Sem acesso à moradia digna, trabalho e educação, vai se
aquilombando nas periferias, favelas, enfrentando duras condições de
sobrevivência, as quais vivenciam ainda hoje. Dados divulgados pelo mapa da
violência 2012, revelam que, no Ceará, o número de homicídios entre a população
negra em 2010 foi de 1.613, enquanto que na população branca esse número cai
consideravelmente, contabilizando 275 homicídios no mesmo ano.
TEMA: VIOLÊNCIA
O tema da violência tem despertado o interesse de diferentes
profissionais como pesquisadores, jornalistas etc. Esta motivação se baseia no
fato da violência ser considerada um problema social, não somente no Brasil mas
no mundo. Por se tratar de um assunto amplamente discutido no cotidiano, muitas
vezes a violência é tida como “comum” e “natural”. Portanto é importante o
professor auxiliar no processo de desconstrução destas idéias, possibilitando
uma análise crítica por parte dos alunos do processo da violência. É importante
estar atento ao fato que a violência sempre esteve presente na humanidade, no
entanto, a sociedade ao civilizar-se estabeleceu uma série de normas sociais e
regras de conduta, além de formas de coerção e controle social. Neste sentido,
o trabalho desenvolvido por Norbert Elias no primeiro e segundo volumes de O
Processo Civilizador contribui para as discussões trazendo o conceito de
auto-controle, este é muito importante ao tratar de questões como a violência.
Outro aspecto que pode ser abordado é o monopólio da
violência por parte do Estado e suas instituições. Assim estabelece-se um
contraponto entre violência cotidiana e a violência institucionalizada. Desta
forma, o professor pode destacar o reconhecimento da legitimidade da violência
praticada pelo Estado.
A primeira etapa do trabalho será apresentar e discutir com
os alunos uma série de conceitos importantes para a discussão sobre a violência
como: socialização, controle social, normas sociais, auto-controle, violência
simbólica, poder, relações de poder, monopólio da violência etc.
A proposta é desenvolver duas atividades na disciplina de
Sociologia:
1) Reunidos em grupos de 4 ou 5, os alunos deverão pesquisar
as regras e normas sociais, as formas de controle social e punição nos
diferentes espaços de sociabilidade como, por exemplo, a sala de aula, a quadra
da educação física, a casa, a rua etc. Os alunos devem ser orientados a
perceber se existem espaços onde a violência é permitida.
2) Os alunos reunidos em grupos de 4 a 5 alunos realizarão
uma atividade de análise de discurso sobre a violência: o religioso, o
acadêmico, o da mídia e o popular. Estes materiais podem ser encontrados em
revistas, jornais, sites de núcleos de pesquisa sobre violência etc.
Algumas questões podem servir como ponto de partida: quais
são as causas e conseqüências da violência, a associação entre violência e
pobreza, os diferentes discursos sobre a necessidade da violência etc.
O objetivo é que os alunos realizem uma reflexão crítica
sobre os diversos discursos em relação a violência de forma a perceberem as
contradições, posicionamentos políticos, de classe etc.
Em ambas as atividades após a fase de pesquisa e trato dos
materiais, os alunos realizarão uma apresentação dos dados obtidos para a turma.
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TEXTO 01
PROPOSTA
01
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SUGESTÃO DE TEXTO DIDÁTICO
TEMA: TRABALHO
TEXTO 01
“O TRABALHO COMO OBJETO DE ESTUDO DA SOCIOLOGIA”
O trabalho é um
assunto sobre o qual sempre há muitas perguntas a fazer. Afinal, para que ele
existe? Quem o inventou? Poderíamos dizer que o trabalho existe para satisfazer
as necessidades humanas, desde as mais simples, como alimento, vestuário e abrigo,
até as mais complexas como as de lazer, crenças e fantasias.
Vamos pensar um
pouco sobre como todos nós somos dependentes um dos outros na sociedade em que
vivemos. O simples hábito de tomar café, por exemplo, o que seria do café da
manhã de muitos brasileiros sem a xícara que alguém fabricou, sem a mesa, as
cadeiras, o café que alguém produziu, o pão da padaria, a faca que corta o pão,
a manteiga... Imagine agora a imensa rede de relações de trabalho que faz um
simples pão chegar a sua mesa? Alguém cultiva o trigo, outro produz, o outro
trabalha transportando a mercadoria, o padeiro que faz o pão chegar quentinho
na sua casa. Para a comercialização desses produtos, ainda são necessários
equipamentos como a máquina para preparar a massa e o forno para assar o pão,
fabricados por indústrias que, por sua vez, empregam outras matérias-primas e
trabalhadores.
Se para comer um
simples pão há tanta gente envolvida, direta e indiretamente, você pode
imaginar quanto trabalho é necessário para a fabricação de um ônibus, de uma
bicicleta ou de um automóvel, para a construção da casa em que você mora, ou da
escola onde estuda. Essas relações de trabalho que se estabelecem entre os
indivíduos e instituições econômicas são objetos de estudo da Sociologia.
Os primeiros
estudos da Sociologia tendo como temática central o trabalho irão surgir na
Europa no contexto da Revolução industrial, que, se por um lado, gerou grandes
transformações na vida da humanidade, traria consigo a emergência de vários problemas
sociais, políticos e econômicos. Algo que abordaremos nas próximas aulas.
Um dos primeiros
autores a tomar o trabalho como objeto de investigação sociológica foi
Friederich Engels, que em 1845 escreve um livro chamado “A situação da classe
operária na Inglaterra”, aonde faz uma descrição do efeito devastador da
revolução industrial sobre a vida dos trabalhadores ingleses, abordando as
péssimas condições de vida e de trabalho vividas pela classe operária. Nesse
momento, os conflitos operários gerados pela extrema exploração dos
trabalhadores, surgia como um grave problema social.
No Brasil, os
primeiros estudos sobre o trabalho, começaram a ser realizados na década de 50,
tendo como objeto a formação histórica do operariado urbano-industrial e suas
organizações políticas e sindicais. A partir dos anos 70, com os movimentos
grevistas que marcariam o chamado “Novo sindicalismo” no país, surgiram vários
estudos sobre a exploração do trabalhador e os conflitos trabalhistas.
O QUE ESTUDA A SOCIOLOGIA DO TRABALHO?
Desde então, a
sociologia vem buscando estudar várias questões ligadas à temática do trabalho,
dentre as quais podemos citar:
As condições
de vida do operariado, não apenas dentro da fábrica, mas fora dela;
A questão da divisão sexual do trabalho,
enfocando a exploração do trabalho feminino a partir da inserção dessa
mão-de-obra no mercado capitalista;
As práticas
e atuação de organizações trabalhistas como os sindicatos e os movimentos de
resistência operária como as greves;
A
precarização das relações de trabalho frente aos avanços tecnológicos e as
inovações produtivas a partir de fenômenos como a terceirização, a
informalidade, empregos temporários etc.;
O impacto da
introdução de novas tecnologias como a informática no processo de trabalho e
sobre a qualificação dos trabalhadores,
O desemprego
e o futuro da sociedade do trabalho, a partir de estudos apontam para o fim da
sociedade salarial, ou se o trabalho continuará a ser a grande fonte de lucro
do capitalismo.
Por Renata Sobral
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SILVA, Lorena Holzmann. Sociologia do trabalho. In: CATTANI,
Antonio David (Org.). Trabalho e tecnologia: dicionário crítico. Petrópolis:
Vozes, 1997.
TOMAZI, Nelson Dácio. Sociologia para o ensino médio. 2. ed.
São Paulo: Saraiva, 2010.
ATIVIDADE
1. Escreva um texto abordando o que você entende por
TRABALHO, e em que momento o TRABALHO dignifica ou oprime o homem.
2. Porque todas as coisas que possuímos (como casa, roupa,
computador, livro, caneta etc.) são frutos do trabalho humano.
3. Leia o texto a
seguir.
Perguntas de um trabalhador que lê.
Quem construiu Tebas de sete portas?
Nos livros estão os nomes dos reis.
Arrastaram eles os blocos de pedras?
E a Babilônia várias vezes destruída. Quem a reconstruiu
várias vezes?
Em que casa de lima dourada moravam os construtores?
Para onde foram os pedreiros, na noite em que a muralha da
China ficou pronta?
A grande Roma está cheia de arcos do triunfo.
Quem os ergueu? Foi os césares?
Autoria de Bertold Brecht (1898-1956): dramaturgo e poeta
alemão, considerado um dos maiores críticos sociais de seu tempo, sendo
reconhecido pelo estilo irônico de sua obra. Disponível em:
http://recantodasletras.uol.com.br
No texto acima, o autor faz uma crítica à memória construída
em torno da construção de determinados monumentos históricos, trazendo à tona,
personagens que geralmente não aparecem ou não costumam ser lembrados como
sujeitos que construíram a história. Na sua opinião, qual a crítica feita pelo autor a partir da
reflexão que ele nos propõe ao escrever o texto.
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O NEGRO NOS ESTUDOS SOCIOLOGICOS DE FLORESTAN FERNANDES
Considerado um dos maiores
sociólogos brasileiros, seus estudos contribuíram para construir uma
“sociologia critica” da realidade brasileira, uma sociologia que voltou seu
olhar para as camadas marginalizadas da sociedade: o índio, o camponês, o
proletário, e o negro. Seus trabalhos revelam não apenas sua contribuição
teórica para a análise das transformações sociais, políticas e econômicas da
sociedade brasileira, mas o seu lado como “sociólogo militante” como o próprio
Florestan se considerava, buscando sempre
apontar perspectivas de
superação, de emancipação das classes oprimidas.
Em uma de suas pesquisas sobre os
negros em São Paulo, demonstrada no livro “A integração do negro na sociedade de
classes”, de 1978, Florestan analisa
como os negros foram sempre situados à
margem na nossa sociedade.
O sociólogo queria saber como se
deu o processo que colocou esse grupo “à margem” na sociedade brasileira. E,
mais, queria uma interpretação diferente daquelas que as elites da sociedade
forneciam a este respeito. Segundo o autor, o negro não era um problema para a
nação, visto que sempre foram agentes participantes das transformações sociais
do país, ainda que de maneira menos privilegiada que os brancos. Faz ainda uma
crítica à sociedade capitalista que não “absorveu” os negros, que, segundo as
elites da sociedade, encontravam-se em iguais condições em relação aos brancos
e, inclusive, em relação aos inúmeros estrangeiros que chegavam ao Brasil para
viver e trabalhar.
Em Iguais condições? Será?
Imagine só... De um dia para
outro todos os negros, os que antes foram de maneira desumana tratados como
“coisas” e úteis apenas para o trabalho, tornaram-se livres para atuar nas
empresas e comércio da época, se é que assim podemos chamar os empreendimentos daquele
tempo, isto é, em 1888.
Os negros tentaram, mas
“...viram-se repudiados, na medida em que pretenderam assumir os papéis de
homem livre com demasiada latitude de ingenuidade, num ambiente em que tais
pretensões chocavam-se com generalizada falta de tolerância, de simpatia
militante e de solidariedade.” (FERNANDES, 1978: 30-31).
Afinal, quem é que daria emprego
a um homem que “até ontem à tarde” era não mais que um pertence de alguém, isto
é, um utensílio de um senhor?
Hoje, no Brasil, ainda podemos
encontrar muitos problemas quanto à aceitação da diversidade cultural, apesar
dos muitos movimentos que combatem a desigualdade racial e social nas mais
diversas áreas da sociedade. Esses problemas são, na verdade, heranças de um
passado, que fora muito pior.
Ainda que o discurso das elites privilegiasse a
liberdade dos negros, eles não tinham condições de igualdade na concorrência com
os brancos, “como não se manifestou nenhuma impulsão coletiva que induzisse os brancos
a discernir a necessidade, a legitimidade e a urgência de reparações sociais
para proteger o negro (como pessoa e como grupo) nessa fase de transição, viver
na cidade pressupunha, para ele, condenar-se a uma existência ambígüa e
marginal.” (FERNANDES, 1978: 20).
Segundo Florestan, para os negros e os mulatos apenas
duas portas se abriam, pois... “vedado o caminho da classificação econômica e
social pela proletarização, restava-lhes aceitar a incorporação gradual à
escória do operariado urbano em crescimento ou abater-se penosamente,
procurando no ócio dissimulado, na vagabundagem sistemática ou na criminalidade
fortuita meios para salvar as aparências e a dignidade de “homem livre.
(FERNANDES, 1978:20).
Portanto, pela interpretação de Florestam, a
inexistência de um plano de incorporação do negro, elaborado pela sociedade que
o libertou, com estratégias de aceitação social dos mesmos, foi fator
importante que contribuiu para sua marginalidade social.
FONTE: LIVRO DIDÁTICO DE SOCIOLOGIA - SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DO PARÁ - SEED
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PROPOSTAS
DE ATIVIDADE
TEMA: Raça e seus efeitos
sobre desigualdade e discriminação racial no Brasil
Habilidades
a serem desenvolvidas:
Grande parte das habilidades
que os alunos devem adquirir com as aulas sobre o tópico estão relacionadas aos
argumentos mais gerais apresentados no item PORQUE ENSINAR explicitado nas
Orientações pedagógicas. Os alunos deverão ao final ter a habilidade de
perceber com a máxima clareza como uma noção como raça é socialmente
construída, e de como tais realidades, uma vez constituídas no imaginário das
pessoas, podem ter conseqüências importantes nas suas vidas cotidianas. Deverão
ter também, ao final, a percepção de que é fundamental para o entendimento da
identidade nacional o embate ocorrido na historiografia do pensamento social
brasileiro a respeito da miscigenação, mormente a de brancos e negros, a saber,
de como é possível interpretar de formas antagônicas o mesmo fenômeno da
miscigenação.
Providências necessárias
O professor deverá
providenciar que a bibliografia indicada neste tópico esteja acessível em tempo
hábil na biblioteca da Escola. A critério do(a) professor(a), os textos
indicados nas Orientações Pedagógicas, excertos da mesma bibliografia, poderão ser reproduzidos de forma antecipada,
de modo a que os alunos possam a eles ter acesso durante a aula
Indicação de pré-requisitos
Altamente desejável haver
uma interface com a matéria de biologia
a respeito do assunto. Também serão necessários os conhecimentos a respeito das
condições históricas da existência de grupos étnicos em condições diferenciadas
no Brasil. Também importante as noções históricas a respeito da escravatura no
Brasil, tanto quanto sobre as relações com as etnias indígenas. Da mesma forma,
o fenômeno histórico da migração européia no final do século XIX e no século
XX.
Descrição dos procedimentos
As aulas poderão mesclar
atividades expositivas por parte do (a) professor(a) com outras que envolvam os
alunos como protagonistas. Uma boa peça motivacional poderá ser alguma atividade
inicial próxima do seguinte: um painel é apresentado com recortes de imagens de
grupos variados de pessoas com claras diferenças fisiológicas quanto à cor da
pele, dos olhos, características dos cabelos, etc. Ao lado deste painel, seriam
escritas algumas palavras, tais como: características fisiológicas, raça,
etnia, miscigenação, condições sociais,
oportunidades sociais. A partir da apresentação do painel, seria pedido
aos alunos que escrevessem umas poucas linhas descrevendo e comparando as diversas
figuras representativas de cada grupo, sendo facultado a eles utilizarem-se das
palavras gravadas no quadro. Em seguida, o(a) professor(a) pediria a 4 ou 5
alunos que lessem o que escreveram. Alternativamente, poder-se-ia estabelecer
uma dinâmica mais direta, em que se pedisse a eles fazerem o mesmo exercício
oralmente, dependendo das características da turma.
Seja como for, o(a)
professor(a) irá se aproveitando das exposições para introduzir o conteúdo
proposto para a unidade. Outro exemplo de uma peça motivacional poderia ser a
música de Chico César, Alma não tem cor. Os alunos a ouviriam e depois, o
professor (a) pediria comentários. Um exercício final, extraclasse, poderia ser
uma entrevista feita pelos alunos junto a pessoas de sua comunidade, com
perguntas tipo: existem raças no Brasil? Quais seriam? Em caso de respostas
positivas, quais seriam as características de cada uma delas? E, finalmente,
uma pergunta aberta, pedindo às pessoas que falem livremente sobre as raças no
Brasil. Seria pedido, junto com o conteúdo das respostas encontradas, um
comentário dos alunos (tal trabalho poderia ser em grupos). Nas entrelinhas dos
comentários, o(a) professor(a) poderá avaliar se seus objetivos foram
alcançados.
Bibliografia de apoio
GIDDENS, Anthony Sociologia, Porto Alegre:
Artmed, 2005. 3. BRYM, Robert. J. et al.Sociologia, sua Bússola para um Novo
Mundo, São Paulo, Thomson Learning, 2006.
Alerta para dificuldades
Um primeiro ponto a ser
motivo de preocupação, de ordem mais pragmática, é a possibilidade de
preconceitos aflorarem nas próprias discussões entre os alunos. O(a) professor(a) deverá estar preparado(a)
para lidar com tais possibilidades. Um segundo, mais conceitual, é a
dificuldade que poderá existir em fazer os alunos compreenderem a raça como um
construto social. O(a) professor(a) deverá buscar exemplos mais rotineiros
de construtos socialmente elaborados,
que se tornam realidade para as pessoas, com as conseqüências daí advindas.
1. O que pode ocorrer, por
exemplo, com duas pessoas passando em frente a um cemitério durante a noite,
sendo que uma acredita em assombrações e outra não, diante de um movimento inesperado
de sombras e luzes.
2. O que ocorre com duas
pessoas, nos aglomerados de nossos grandes centros, uma que acredita no
trabalho como um valor pra se subir na vida, e outra que chama o trabalhador de
trouxa, preferindo ser traficante de drogas?
3. O que ocorre na vida de
duas pessoas, uma, que é membro de uma igreja cristã fundamentalista, e outra,
que se diz ateia, com relação, por exemplo, ao consumo de álcool? São exemplos
simples de como pessoas podem enxergar a realidade de formas diferentes, e de
como isso leva a consequências também diferenciadas.
PROPOSTA
02
Habilidades
a serem desenvolvidas
O objetivo aqui é que os
estudantes adquiram a capacidade de analisar e refletir sobre os indicadores
das diferenças de condições socioeconômicas entre brancos e pretos/pardos no
Brasil (dados de pesquisas do IGBE, mapa da violência). Além disso, que possam
ter a capacidade de responder com clareza perguntas do tipo: por que tais
situações se reproduzem de forma sistemática no Brasil? Quais as chances que
uma criança filha de pais negros nascida agora tem de alcançar um grau de
educação superior daqui a 18 anos, comparada com as chances de outra criança
filha de pais brancos nas mesmas condições hoje? O que são políticas públicas
de ações afirmativas? Qual o grau de capacidade do Estado brasileiro
hoje de implementar tais políticas?
Providências necessárias
Os textos indicados como
referência deverão estar disponíveis para o (a) professor(a) e para os alunos.
A critério do docente, um ou mais pequenos textos retirados de tais referências
poderão ser utilizados para leitura do alunado, em aula ou em casa.
Pré-requisitos
Os conteúdos presentes nesta
unidade tem clara conexão com as duas unidades anteriores, o que significa que
os conteúdos ali presentes deverão ser considerados como pré-requisitos para o
desenvolvimento desta unidade.
Descrição dos procedimentos
Uma peça didática de
motivação inicial poderia ser a apresentação aos alunos dos dados elencados no
item O QUE ENSINAR. Os dados seriam apresentados em um painel ou através de um
projetor eletrônico de dados, após o que, os alunos seriam solicitados a
emitirem sua opinião a seu respeito. A partir das respostas apresentadas, o(a)
docente iria introduzindo, de acordo com as oportunidades criadas, os elementos
propostos para reflexão no mesmo item.
Depois de alcançado o tópico
referente à polêmica das cotas raciais para as universidades, poder-se-ia pensar
em uma dinâmica interessante sobre o tema Cotas Raciais nas Universidades
Brasileiras: Promoção de Justiça ou Racismo às Avessas? Uma simulação de um
júri seria organizado, com um grupo de alunos encarregado de apresentar os
argumentos pró e outro grupo os argumentos contra as cotas raciais. Reservado
um espaço de tempo para que dois outros grupos expressassem seus
comentários a respeito, um sobre os
argumentos a favor, e outro, sobre os argumentos contra, solicitar-se-ia aos
alunos um plebiscito a respeito da questão. Tal dinâmica em aula poderia ser
cogitado pelo docente de ser organizado da mesma forma para toda a escola, dada
a relevância do tema, por exemplo, na semana em que acontece o dia da
consciência negra. Em relação aos seus próprios alunos, o professor (a) poderá
utilizar a peça como elemento de avaliação de alcance dos objetivos. (Uma
referência que pode ser útil é a discussão sobre mobilidade apresentada por
GIDDENS, 2005, p. 248-251).
BIBLIOGRAFIA
RECOMENDADA:
1. TOMAZI, Nelson Sociologia
para o Ensino Médio, São Paulo, Atual, 2007. 2. GIDDENS, Anthony Sociologia,
Porto Alegre: Artmed, 2005. 3. BRYM, Robert. J. et al. Sociologia, sua Bússola
para um Novo Mundo, São Paulo, Thomson Learning, 2006. 4. FERNANDES, Danielle
C. Estratificação Educacional Origem Socioeconômica e Raça no Brasil: as
Barreiras da Cor, Brasília, IPEA-Caixa 2204, Monografias Premiadas, 2004. 5.
HASENBALG, C. Discriminação e Desigualdades Raciais no Brasil, Rio de Janeiro,
Edições Graal, 1979. 6. HASENBALG, C.; VALLE SILVA, N. Estrutura Social,
Mobilidade e Raça, Rio de Janeiro, IUPERJ.
OBJETIVOS
A SEREM ALCANÇADOS
Ao
final desta unidade os alunos deverão perceber com clareza o significado dos
termos preconceito e discriminação raciais e étnicas. Além disto, o que
significa o termo racismo, bem como seu derivativo, racismo institucional. No
caso brasileiro, deverão também perceber as condições em que tais fenômenos
ocorrem no Brasil, situação essa em que eles se apresentam de forma dissimulada
e sutil. Em outras palavras, deverão ter clareza de que esses fenômenos são
construídos e produzidos socialmente, e de que sua utilização social claramente
beneficia grupos ou indivíduos em detrimento de outros. Em suma, deverão estar
aptos a ter respostas claras a perguntas do tipo: existe preconceito racial
e/ou étnico no Brasil? Da mesma forma, existe discriminação racial/étnica? Como
tais fenômenos se manisfestam entre nós? A quem tais fenômenos beneficiam?
Esta
unidade exigirá, certamente, um tempo de exposição daqueles conteúdos aqui
indicados. A seu critério, em qualquer momento de uma referência a pretos e
pardos, em vez de negros, o(a) docente poderá aproveitar-se da oportunidade
para explicar o porque da categorização do IBGE, que opta pela classificação
brancos, pretos, pardos, amarelos e indígenas exatamente como um expediente
para não falar de raça. A opção feita foi falar de cor da pele, permanecendo
nos elementos apenas fisiológicos. A Sociologia só aceita falar de raça, na
medida em que se entenda tal categoria como uma construção social, utilizada
como fator de reprodução de padrões de relação de poder e de desigualdade. A
leitura dos excertos citados por parte dos alunos seria também recomendável. A
critério do(a) professor(a), outras leituras retiradas dos textos indicados
poderão ser indicadas aos alunos. Um exemplo de uma peça motivacional inicial poderia ser assim
descrita: perguntar-se-ia quem na sala gosta muito de futebol. Três ou quatro
seriam selecionados e convidados a falar da escalação de seus times. A seguir,
se pediria que contassem quantos pretos e pardos seriam nos seus respectivos
times. Na mesma discussão, o(a) docente relataria que, dos ministros do Supremo
Tribunal Federal, um apenas é negro, assim mesmo, tendo entrado muito
recentemente, e é o primeiro, pelo menos na história recente daquele tribunal.
A pergunta viria: por que isso? A discussão advinda das respostas poderia ser
um bom começo para as questões substantivas do tema. Outro exemplo, poderia ser
a exibição do filme Quase Deuses de Josef Sargent. Quanto à possibilidade de
utilização de algum procedimento de avaliação, um exemplo poderia ser o
seguinte: em grupos, os alunos procederiam a uma entrevista junto a 5 adultos de
sua comunidade perguntando sobre se conhecem algum caso concreto de
discriminação institucional, seja pela polícia, seja por alguma clínica ou
hospital, seja por algum clube social, etc. Alternativamente, eles próprios
poderiam relatar alguma experiência neste sentido. Junto com uma apresentação
sucinta dos resultados, se pediria que comentassem tais resultados, à luz das
discussões em aula e das leituras feitas.
Bibliografia
de apoio
GIDDENS, Anthony Sociologia, Porto Alegre: Artmed, 2005. 3. BRYM, Robert.
J. et al.Sociologia, sua Bússola para um Novo Mundo, São Paulo, Thomson
Learning, 2006.
Roteiro de Atividade: Raça,
desigualdade e mobilidade Social
Currículo Básico Comum -
Sociologia Ensino Médio
Autor: Geraldo Élvio
Magalhães
Centro de Referência Virtual
do Professor - SEE-MG / março 2009