É vergonhoso o descaso com que os professores são tratados pelos governos, que
nunca elegeram a educação como prioridade neste país. Mobilizações em prol de
melhorias na educação ou mesmo na luta contra corte de direitos já conquistados
a duras penas, mostram como esses políticos tratam as questões educacionais, muitas vezes como um caso de polícia, a exemplo do que acontece com outros movimentos
sociais no Brasil.
Atualmente uma nova greve foi deflagrada pelos professores estaduais cearenses, numa crise econômica em que mais uma vez os trabalhadores são penalizados. Este fato nos remete a recordar da greve deflagrada em 2011
pelos professores do nosso Estado, quando o então governador Cid Gomes,
futuro breve ministro da educação, com seu conhecido estilo arrogante a
autoritário, quis empurrar goela abaixo uma tabela vencimental com a intenção
de alterar para destruir o plano de cargos e carreira dos professores,
transformando aumentos reais nos salários em miseráveis gratificações. Na época,
a grande maioria dos deputados votaram como sempre contra a educação (sabem
que manter uma população analfabeta e alienada é mais fácil para manter tudo
como está) e a favor do projeto que chegou a ser enviado para a Assembleia
Legislativa. Em meio ao embate entre
sindicato e governo, Cid chegou ao disparate de afirmar que professor não devia
trabalhar por salário, mas por “amor” à profissão. Sabemos que, ele sim, jamais
abriria mão de seu salário e privilégios para governar por amor ao povo
cearense. Vale lembrar que o mesmo Cid já havia entrado com ação de
inconstitucionalidade contra o piso salarial do magistério.
No final, nossos direitos foram mantidos e outros
conquistados. Todos acabaram ganhando inclusive com aumento de gratificação
para diretores e coordenadores escolares, muitos dos quais tentaram impedir a atuação do
movimento grevista, através de retaliações e ameaças a professores que
aderissem à greve.
Foi este mesmo Cid, que enfrentou longas greves não apenas na
educação básica, mas como também no meio universitário, que Dilma escolheria
como futuro ministro da educação, que, mesmo com seu efêmero mandato, fez a mesma
pagar o preço por sua péssima escolha.
Logo no início de seu ministério, e com a benção de Dilma Rousseff reeleita, a
educação sofreu um corte de 7 bilhões de reais. O reflexo do corte vem sendo
sentido pela maioria das escolas do Ceará (menos as profissionalizantes e seus
privilégios) através da falta desde merenda para os alunos, que parecem bem
conformados com a situação, até papel higiênico. Pincel virou artigo de luxo
nas escolas estaduais.
Não podemos deixar de destacar que além dos piores salários
entre os profissionais de nível superior se comparados aos de outras
categorias, as condições de trabalho do professor na escola pública (turmas
lotadas, sobrecarga de trabalho, violência, excesso de burocracia, entre
outras) interfere diretamente no desempenho do professor, visto
que não é possível analisar a atuação deste docente sem levar em conta as suas
precárias condições de trabalho, que extrapola a própria sala de aula, pois
cabe também a este profissional ler e pesquisar para melhorar cada vez mais a
qualidade de suas aulas, o que resulta, por consequência, na melhoria da
formação das gerações que passam pela escola.
Sabemos que a precarização do trabalho docente é intencional,
assim como o sucateamento da educação pública, bem como a injeção cada maior de
recursos públicos em universidades privadas, através de programas paliativos
como FIES e PROUNI, que jamais resolverão o problema da democratização do
acesso às Universidades públicas como as Instituições federais, ainda bastante
elitizada.
Os movimentos sociais são ações coletivas com o objetivo de
manter ou mudar uma situação. Seu caráter político parte de uma situação de confronto
e disputa entre forças sociais que lutam para defender seus interesses.
Diante disto, sabemos que seja para garantir o que já temos,
bem como para conquistar novos direitos, as únicas armas que temos é o
conhecimento e a mobilização, visto que benefícios para os trabalhadores da educação,
nunca veio ou virá de graça ou da boa vontade dos políticos desse país.
União e mais solidariedade para todos os professores,
efetivos e temporários, para melhorar a qualidade da educação em salários e condições
de trabalho, pois estamos cientes de que reivindicações como a nacionalização
da carreira, aplicação dos royalties do pré-sal e os 10% do PIB para a educação,
ainda será fruto de uma incansável luta a ser travada por profissionais da
educação em todo o país.